Indígena denuncia estupros durante nove meses por policiais dentro de delegacia no interior do AM
Uma mulher da etnia Kokama, mantida presa desde novembro de 2022 na 53ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) em Santo Antônio do Içá (AM), denunciou à Justiça ter sido estuprada diariamente por policiais e um guarda municipal durante nove meses. O abuso teria ocorrido inclusive na presença do filho recém-nascido da vítima, que também estava na cela durante os primeiros quatro meses. Um laudo médico identificou fissura anal e hemorragia, confirmando a violência sexual.
A vítima relata que sofria ameaças com armas, forçada a consumir álcool e submetida a relações sexuais com diferentes agentes de segurança. Ela ficou sem direito a higiene adequada nem assistência médica.
De acordo com entidades como Funai e Defensoria Pública, a denúncia contraria normas legais que exigem tratamento especial a mulheres presas e especialmente àquelas que amamentam. A defesa da acusada está em curso, enquanto permanece detida.
Em nota, a corporação afirma que abriu uma investigação interna para apurar o ocorrido, assim como a Polícia Militar e também a Corregedoria; confira:
“A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio do Departamento de Polícia do Interior (DPI), instaurou procedimento para apurar o caso ocorrido na 53ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Santo Antônio do Içá. A Corregedoria‑Geral do Sistema de Segurança Pública do Amazonas também instaurou procedimento para apurar o caso. A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) também instaurou Inquérito Policial Militar (IPM), o qual está em fase final de investigação.”