Manaus lidera em diversidade de línguas indígenas enquanto país registra crescimento de falantes
A capital amazonense se destaca no mapa da diversidade cultural do país ao registrar 99 línguas indígenas faladas no município, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No panorama nacional, o Censo 2022 revelou o crescimento da presença de línguas indígenas no Brasil: o número de falantes aumentou em quase 50% entre 2010 e 2022, passando de 293.853 para 433.980 pessoas que declararam utilizar uma língua indígena em casa.
Diversidade em Manaus e implicações
Com seus 99 idiomas registrados, Manaus encabeça a lista entre os municípios brasileiros com o maior número de línguas indígenas declaradas — à frente de capitais como São Paulo (78) e Brasília (61). Essa pluralidade reflete não apenas a presença histórica dos povos originários na região amazônica, mas também o papel de Manaus como polo urbano que abriga comunidades indígenas de diferentes etnias.
Aumento de falantes e desafios
Embora o número absoluto de falantes tenha crescido, a proporção de indígenas que falam línguas nativas em relação à sua população total caiu, de 37,35% em 2010 para 28,51% em 2022. No entanto, em terras indígenas (TIs), a situação é mais favorável: o uso de idiomas tradicionais subiu de 57,35% para 63,22% no mesmo período.
Especialistas destacam que esse cenário exige políticas que assegurem a salvaguarda linguística, a valorização das línguas indígenas e o acesso à educação bilíngue. A oficialização desses idiomas em documentos e serviços públicos também é apontada como passo-chave para garantir cidadania plena.
A riqueza linguística de Manaus e da Amazônia representa mais do que cultura, ela carrega saberes tradicionais sobre a floresta, biodiversidade e modos de vida que são únicos no mundo. O fato de a capital amazonense liderar em número de línguas faladas reforça seu papel como espaço urbano de encontro entre o urbano e o tradicional, entre múltiplas etnias e idiomas.
