Amazonas

Noiva entra em trabalho de parto antes de casamento e cerimônia é realizada em hospital no Amazonas

Uma emocionante reviravolta marcou o casamento coletivo indígena em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, no último domingo (10). Lenilda França e João Ramos, que estavam a caminho do Centro de Educação de Tempo Integral (Ceti) Pedro Fukuyei Yamaguchi Ferreira para se juntarem a outros 21 casais, tiveram sua jornada interrompida quando Lenilda entrou em trabalho de parto.

As contrações começaram a dar sinais quando o casal se dirigia à cerimônia, e, diante da urgência, optaram por ir diretamente ao hospital. A noiva foi encaminhada à maternidade, onde deu à luz uma pequena recém-nascida em um parto normal. O nome da criança ainda não foi escolhido.

João Ramos, o noivo, enfrentou a difícil decisão de seguir para a cerimônia sozinho, na expectativa de manter a confirmação da união mesmo com a ausência da noiva. “Eu vim sozinho [para a cerimônia] e estava só pensando como eu vou ficar?”, relatou ele.

A surpresa tomou conta da solenidade quando o juiz auxiliar da Corregedoria-Geral de Justiça, Áldrin Rodrigues, ao saber do parto inesperado, decidiu estender a cerimônia de casamento para o hospital. No quarto da maternidade, com a presença da recém-nascida, Lenilda e João oficializaram sua união em um momento único.

O casamento coletivo indígena em São Gabriel da Cachoeira, organizado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, é uma iniciativa que visa atender às demandas dos povos originários da região. Esta foi a segunda cerimônia realizada no município, envolvendo 22 casais de diferentes etnias.

A celebração incluiu uma apresentação de dança indígena e foi traduzida simultaneamente em diversas línguas. O juiz auxiliar da Corregedoria-Geral de Justiça, Áldrin Rodrigues, destacou a importância do evento para os povos indígenas, enfatizando a dignidade e o respeito à autodeterminação previstos na declaração universal dos direitos dos povos.

O diretor da Escola Judicial, desembargador Cezar Bandiera, presente na cerimônia, ressaltou que, com a oficialização do casamento, os indígenas constituem uma família perante o código civil, assegurando o acesso a benefícios fundamentais oferecidos pela União Federal, Estado e Município. “A gente tem que cuidar dessas pessoas”, afirmou o desembargador.

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