Mpox é confundida com catapora em escolas do Amazonas e acende alerta nas autoridades
Semelhança entre os sintomas dificulta diagnóstico precoce e pode facilitar a transmissão do vírus
Manaus (AM) – A crescente notificação de casos de mpox em escolas públicas e privadas do Amazonas tem gerado preocupação entre profissionais da saúde e da educação. O motivo: a doença está sendo frequentemente confundida com catapora, atrasando diagnósticos e medidas de contenção, especialmente entre crianças em idade escolar.
Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), já foram registrados diversos casos em que alunos com sintomas de mpox foram tratados inicialmente como se tivessem catapora, o que levou à permanência em sala de aula e ao contato com outras crianças, elevando o risco de contaminação.
Por que mpox e catapora são confundidas?
Ambas as doenças são virais e compartilham sintomas semelhantes nos estágios iniciais, como:
- Febre alta
- Mal-estar generalizado
- Erupções cutâneas (bolhas e feridas)
- Dor de cabeça
- Coceira
Esse quadro clínico semelhante tem dificultado a distinção, principalmente nas primeiras 48 horas de sintomas. No entanto, médicos alertam para diferenças importantes que podem ajudar na identificação correta.
Mpox x Catapora: entenda as diferenças
Característica | Mpox | Catapora (Varicela) |
---|---|---|
Agente causador | Vírus da mpox (Orthopoxvírus) | Vírus Varicela-Zoster |
Distribuição das lesões | Lesões surgem ao mesmo tempo e evoluem juntas | Lesões surgem em “ondas”, em diferentes estágios |
Aspecto das lesões | Bolhas mais profundas, firmes e dolorosas | Bolhas superficiais e mais coceira |
Inchaço de gânglios | Comum (linfadenopatia em pescoço e virilha) | Raro |
Contágio | Contato direto com feridas, fluidos ou secreções | Muito contagiosa por gotículas e contato |
Duração dos sintomas | 2 a 4 semanas | Geralmente de 7 a 10 dias |
Interior do estado é o mais afetado pela desinformação
A situação é ainda mais preocupante em cidades do interior do Amazonas, onde a falta de acesso a exames laboratoriais e pouca capacitação dos profissionais contribuem para o erro no diagnóstico. “Temos relatos de professores que pensaram se tratar apenas de catapora e deixaram a criança permanecer na escola”, relata um técnico da FVS.
Em muitos casos, o isolamento do aluno doente só ocorre dias depois, quando a evolução das lesões e o agravamento dos sintomas levantam suspeitas.
Ações de prevenção e orientação
Para conter o avanço da mpox nas escolas, a FVS-AM anunciou novas medidas de vigilância, incluindo:
- Capacitação de profissionais da educação e saúde
- Roteiros de triagem em escolas públicas e privadas
- Campanhas informativas para pais e responsáveis
- Intensificação da testagem de casos suspeitos
A recomendação para a população é clara: em caso de sintomas como febre associada a bolhas ou feridas na pele, procure imediatamente uma unidade de saúde. O diagnóstico precoce é essencial para evitar a transmissão da doença e iniciar o tratamento adequado.